LÚPUS E OS ÓRGÃOS GENITAIS
- omundodasborboleta
- 4 de set. de 2016
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LÚPUS E OS ÓRGÃOS GENITAIS Sexo feminino Um aspecto anatômico dos ovários merece destaque desde o período fetal. Em contraste com os testículos, que produzem constantemente espermatozóides a partir da primeira ejaculação, no decorrer da idade, os ovários vão progressivamente perdendo folículos primordiais que são fundamentais para ovulação. O feto do sexo feminino apresenta em torno de seis a sete milhões de folículos primordiais, regredindo para cerca de 500.000 quando a menina atinge os 12 anos de idade. Essas perdas normais ocorrem fundamentalmente por atresia ou degeneração folicular, ao longo de 30 a 35 anos. Em um ciclo menstrual, são recrutados cerca de 1000 folículos, porém apenas um (folículo dominante) consegue alcançar a maturidade total e formar o óvulo, o restante evolui para atresia. O marco da função gonadal nas adolescentes é a aquisição da menarca ou primeira menstruação. A menarca representa o início de uma possível ovulação e do estabelecimento dos ciclos menstruais e é influenciada por fatores genéticos, sócio-econômicos, geográficos, nutricionais e por doenças crônicas. Habitualmente, na adolescente normal, durante os primeiros 2 anos após a menarca, os ciclos menstruais não são acompanhados de ovulação. As adolescentes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) têm um atraso da menarca (em média aos 13,5 anos, variando de 11 a 16 anos) associado com maior duração da doença e altas doses cumulativas de corticosteróides utilizadas antes da primeira menstruação. Após a menarca, estabelecem-se ciclos menstruais mensais e geralmente a fertilidade da mulher com LES é normal. Alterações dos ciclos menstruais (ciclos longos ou curtos, com maior ou menor sangramento) podem ocorrer nas mulheres com LES nos momentos de atividade da doença, com normalização após o controle da mesma. Entretanto, os medicamentos utilizados para o tratamento da doença têm sido considerados os principais responsáveis pelo atraso da menarca, distúrbios menstruais e menopausa precoce nas pacientes com LES. Os corticosteróides, principalmente em altas doses, podem inibir a liberação de hormônios (gonadotrofinas hipofisárias e cortisol) por supressão do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas e reduzir as produções ovarianas de estrógenos e progesterona, determinando irregularidades menstruais. Os imunossupressores podem causar amenorréia (ausência de menstruação mantida por um período maior que 1 ano) em adolescentes e jovens com LES. Azatioprina e metotrexate não têm sido associados à disfunção gonadal. Por outro lado, ciclofosfamida e clorambucil são os imunossupressores mais associados à amenorréia persistente. Entre as pacientes com LES, dado à frequência do seu uso, a pulsoterapia com ciclofosfamida endovenosa (PCE) assume um papel de destaque entre os imunossupressores que interferem na fertilidade. O risco de amenorréia definitiva (menopausa precoce) encontra-se aumentado em lúpicas com idade superior a 31 anos, submetidas à PCE, que utilizam tratamento prolongado e com altas doses cumulativas deste medicamento. Atualmente, a melhor forma de proteger os ovários e diminuir a probabilidade desta amenorréia definitiva é usar um medicamento, conhecido como análogo do hormônio liberador da gonadotrofina (GNRHa), em torno de uma semana antes do uso da PCE. MAMA/SEIOS O Lúpus não afeta esses órgãos diretamente, mas pode haver prejuízo da função ovariana se a mulher estiver em uso da ciclofosfamida, prejudicando assim a fertilidade (não são todas as mulheres que usam esta medicação que têm esta alteração). O mundo das borboletas lúpus